Você está se prostituindo com valores contrários ao Evangelho?

Publicado: 10 de março de 2014 em Uncategorized
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748046_98432589Quando penso na igreja evangélica hoje, me lembro da história da igreja cristã. Após a apropriação da ideia da universalidade da igreja levada ao extremos de centralização de seu governo em Roma, orientando suas práticas e culturas – como se devesse existir uma cultura especificamente cristã – e suprimindo todas as diferentes expressões culturais tocadas por Cristo Jesus, um poder hegemônico de representações, valores e visão de mundo foi se formando. Logicamente cada cultura dominante de seu tempo legitimava e imprimia ideologicamente seus valores através da igreja cristã ao longo da história numa marcha desumana em nome de Deus e do Homem.

Depois a igreja se divide entre protestantes, católicos, veterocatólicos e ortodoxos e essa dinâmica continua, muitas vezes de maneira ainda mais perversa entre os protestantes (normalmente mais radicais).

Hoje, o que vejo no Brasil é, nada mais nada menos que uma imposição descarada de uma ideologia meritocrática, paternalista, anti-esquerdista e declaradamente liberal americana (de liberalismo político e econômico – não estou falando de teologia liberal no momento). Esse corpo ideológico é imprimido através de pregações, músicas, teatros, evangelismo, etc. como se fosse a definição própria do que é “correto aos olhos de Deus”. Criticar? Nem pesar! “A bíblia nos manda obedecer”. Protestar? De maneira nenhuma! Afinal, “os rebeldes não vão entrar no reino dos céus!” Hoje até os “demônios” pregam nos púlpitos a moral esperada pelo sistema. O vídeo que se segue é um exemplo disso em um nível um pouco exagerado, mas que não isenta outras igrejas acabar por fazer o mesmo em suas práticas.

Provavelmente vou ouvir coisas como: “a igreja evangélica não é uma só” ou “aqui na minha igreja é diferente”. Nesse caso, parabéns aos diferentes! Mas aos demais esclareço que o que estou afirmando é que, independentemente das diferenças denominacionais, a maioria das igrejas evangélicas carregam esses valores em comum, mesmo mantendo suas divergências teológicas e de usos e costumes. O que estou falando vai muito além desse tipo de divergência. Estou falando de um tipo de senso comum evangélico.

PROSTITUIÇÃO

Estou falando de um abandono do inconforto humano da igreja-instituição em seguir o Evangelho e de uma consequente prostituição da mesma com os valores mundanos.

O senso comum é tão forte que parece que essas interpretações de mundo estão escritas mesmo na bíblia! E o pior é ver os pastores dizendo que não podemos nos amoldar aos padrões “do mundo” enquanto essa própria igreja é a expressão e a escola dos valores mundanos individualistas, meritocráticos, moralistas e totalmente hipócritas. O que invariavelmente vem criando um sistema exclusivo de costumes e crenças e excludente de pessoas que não se amoldam ao mesmo. Esses são os “rebeldes”, os “filhos do cão”, os “picuinhas”, como ouço com frequência.

E assim prossegue a marcha dessa coisa chamada de igreja, uma instituição que ao longo da história possui sempre a cara (histórica e cultural) da cultura hegemônica e ao mesmo tempo, por ser o lado “gospel” dessa cultura, fica totalmente separada do mundo – não no sentido de santidade – no disco voador de Gizuis. Fico triste em dizer isso porque sou cristão, mas não posso negar o que vejo. Pior do que isso é ser considerado normalmente um rebelde nesse meio. Me conforto somente ao lembrar que foi assim com os profetas, com João Batista, Jesus, Paulo, Lutero e os demais que lutaram minimamente contra esse conforto religioso de se amoldar à lógica mundana e abandonar a lógica da Graça.

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A questão aqui não é discernir se a sua igreja está nesse contexto, mas sim a que nível ela já está mergulhada no mesmo. Estou falando de algo que não é característica exclusiva de neopentecostais, de tradicionais ou ortodoxos. É característico de todas as igrejas ao longo da história. Espero que esta reflexão o leve pensar sobre você mesmo (a), sobre até que ponto você como ser humano psico-histórico-cultural e tocado (a) um dia pelo Evangelho de Cristo tem prostituído o que você é – nova Criação – com valores totalmente contrários à sua nova natureza em Cristo Jesus.

O que defendo a nível de igreja não é nem sua desinstitucionalização nem uma reforma da igreja institucional. Independentemente disso defendo o amor radical pelo próximo, pelos inimigos, pelos oprimidos em especial, pelos “diferentes” – até que todos percebam que o “sistema cultural evangélico” definitivamente não o os define completamente, pois estão carregados de culturas nas quais se identificam e essa diversidade é uma riqueza para Cristo e embeleza a IGREJA INVISÍVEL. Enfim, defendo o Evangelho e o Evangelho, por sua vez, defende a humanidade dos seres humanos.

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